segunda-feira, 23 de julho de 2007

PARA FAZER JUS A CANETA BIC NOVA


Costumo dizer que escrever para mim tem que ser algo orgânico, sensorial. Que quando a inspiração vem, tipo bolsa de grávida quando estoura, tem que se escrever naquele exato momento, para capturar com palavras o golfo das elucubrações. E assim o é, sendo que, caneta em punho, sempre hesito alguns segundos ou minutos como que entregue à pesca do começo exato, da frase-efeito, da pegada certa. Às vezes é complicado explicar com palavras as coisas que vêm na cabeça da gente. Porque têm coisas que a gente só sente. Ou não sabe que nome dar a certos sentimentos e sensações. Ou sabe, mas aí esquece. Sabe como é, na hora que vão sair da cabeça, vem outro pensamento e atrapalha tudo. É assim que funciona. Louco né? Essa paixão pelo muito que se pode dizer e calar escrevendo. Por isso hoje, extraordinariamente, quero me permitir um escrever singelo. Um escrever tipo, redação-volta-às-aulas. Hoje eu escrevo só para mim.


TOU INDO VIAJAR. Entre uma coisa e outra que ponho na mochila, dou uma folheada aqui na agenda que fiz de meu caderno de escritos, pequenos ensaios, e que acabou ficando com cara de querido diário. Tem coisa aqui que jamais publicaria no Blog. Algumas por serem muito íntimas. Outras nem tanto, mas que independente dos níveis de confissões, entregam sentimentos que talvez eu não queira admitir que ainda existem. Putz. De que serve um blog se a gente não pode falar dos nossos podres e dos podres dos outros? Que graça tem?
'E Chiove', com a Zizi Possi, toca ao fundo. Uma vez minha irmã perguntou: "Por que sempre que você vai viajar põe essa música?". E eu que até então, nem havia percebido, acabei que a elegendo como o meu tema de arrumar a mochila.
Tou me sentindo numa madrugada de reveillon. Sabe aquela sensação que dá, tipo, do ano começando, você fazendo um balanço de tudo que passou, cheio de pequenos novos planos, traçando metas, fazendo mil promessas a si mesmo? Incrível a capacidade que algumas pessoas têm de dar início e encerrar pequenos ciclos em nossas vidas, independente do tempo que permaneceram nela. Como quando a gente lê um livro muito legal que nos revela um universo novo de sentimentos e emoções e, quando acaba, fica aquele vazio. Mas um vazio de coisa preenchida, sabe? Um espaço que foi ocupado por uma falta boa, que não faz mal. Quer dizer, mal faz. Mas o bom que foi, a gente não perde, né? Até que um dia, quem sabe... DE REPENTE DÁ CERTO.
Escrevo e vejo a chuva fina. Pego a capa do cd e confiro. Agora toca 'Pace e Serenita'. Sinto um arrepio pela beleza feérica do momento. Se eu fosse poeta, iria tomar um banho de chuva para lavar a alma. Mas como poeta não sou, vou passar na Conviniência e lavar a alma com uma coca-cola, mesmo.