sexta-feira, 25 de maio de 2007

AS PESSOAS DA PARADA DE ÔNIBUS

As pessoas com seus olhos nervosos vasculham, detectam, invadem, despem, intimidam, mandam cartas para outros olhos que nem abrem os envelopes. Rasgam as cartas que continham a mensagens que não deveriam ser lidas. Hoje eu tive medo e me senti frágil. Vi aqueles olhos elétricos não como olhos, mas como uma bola de gude acionada por um mecanismo interno. O mesmo mecanismo ávido pela colheita de algodão de um campo imenso pra se forrar por dentro. Hoje eu não quis olhar nos olhos das pessoas. Hoje eles não me contariam nenhuma novidade, não me trariam nenhuma notícia. Então olhei para mim mesmo e vi a própria histeria invertida.

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